Bray… a Hollywood irlandesa…/ Bray... the Irish Hollywood...
- luaemp
- 6 de abr.
- 6 min de leitura
(Followed by the English version)

Disseram-me várias vezes: “vai a Bray que vais adorar”...
A minha “obediência” oscila muito, mas nunca no caso de um bom desafio ou de uma oportunidade de conhecer. Aí, estou sempre pronta…
Comecei a pesquisar o que é que esta cidade costeira a sul de Dublin, já no condado de Wicklow, teria de tão interessante para todos me mandarem lá ir. Descobri que, afinal, Bray não é propriamente uma vila perdida no mapa — é uma das maiores cidades do condado e funciona quase como um subúrbio da capital, já que muitos dos seus moradores trabalham em Dublin. E depois, pronto, uma pesquisa leva a outra, e assim sucessivamente até que se descobre que há algo mais por trás deste destino à beira-mar do que apenas a sua proximidade conveniente com a grande cidade. Até James Joyce viveu aqui em criança (entre 1887 e 1891)! Isto foi motivo suficiente para querer espreitar a cidade que teve um génio literário a brincar nas suas ruas…
Bray tem um equilíbrio curioso entre o bulício urbano e o refúgio natural. Com o mar de um lado e as colinas de Wicklow do outro, a cidade combina o charme vitoriano com o espírito descontraído.




É um lugar onde tanto se pode sentir o odor e a brisa do mar no seu famoso passeio marítimo como aventurarmo-nos pelos circuitos panorâmicos que ligam a costa às paisagens verdejantes do interior.
O passeio marítimo de Bray, que se estende por cerca de 1,6 km, foi originalmente desenvolvido no século XIX e mantém um ar nostálgico com as suas casas coloridas e pubs com vista para o mar. Entre as casas e o mar, há um parque onde se destacam um coreto imponente, pequenos quiosques coloridos, um parque infantil e equipamentos para exercício ao ar livre.


No verão, é um destino popular para os dublinenses que querem fugir da cidade, com festivais, feiras e até um famoso “air show" que atrai muita gente.
Uma das grandes atracções da zona é o “Bray Head”, uma colina com um ponto de vista panorâmico no topo, de onde se pode admirar a costa de Dublin e, em dias de céu limpo, espreguiçar as vistas até ao condado de Wexford. Há também caminhos que ligam Bray a Greystones através do “Cliff Walk”, um percurso deslumbrante, dizem, ao longo das falésias — infelizmente para mim, este encontra-se temporariamente encerrado devido a deslizamentos de terra e quedas de rochas que tornaram partes do percurso instáveis e perigosas. Subi até onde era permitido e deu para ficar com uma ideia… Soube, posteriormente, que havia alternativas ao percurso, mas era tarde demais… Eu já estava a caminho de outras paragens. Ficará para uma próxima.




Bray possui um pequeno porto, situado na foz do rio Dargle, na localidade de Little Bray.



Em tempos, teve grande actividade mas hoje em dia é utilizado apenas por pequenos barcos e actividades recreativas.
Bem, pode não ter barcos como no passado, mas tem um santuário de cisnes…


De uma delicadeza e elegância extrema, flutuando na água ou deitados na areia, foi uma experiência única… À mente veio imediatamente Tchaikovsky e o seu Lago dos Cisnes que eu trauteava com vontade de gesticular qual Prima Ballerina…

Apesar deste cenário ser belíssimo, é tempo de continuar a viagem…
E já que falo em “cenários”, dirijo-me para os Ardmore Studios — os estúdios de cinema mais antigos da Irlanda, fundados em 1958.

Ora, caso não saibam, estes estúdios têm sido pano de fundo para filmes e séries de relevo. Vou só destacar alguns: Ulysses (1967) — uma adaptação do romance de James Joyce, que gerou controvérsia na época — Excalibur (1981), My Left Foot (1989) que recebeu dois Óscares: Melhor Actor (Daniel Day-Lewis) e Melhor Actriz Secundária (Brenda Fricker), e Braveheart (1995), que recebeu cinco Óscares, incluindo melhor Filme e melhor Realizador para Mel Gibson. Todos tiveram cenas filmadas aqui, embora sejam produções de diferentes estúdios, incluindo a Paramount.
No que toca a séries, por aqui passaram The Tudors (2007–2010), Camelot (2011) e até a versão irlandesa de Dancing with the Stars, que tem sido produzida nestes estúdios desde 2017 até hoje.
Tinham razão para me mandarem vir a Bray… E agradeço a quem o fez…
Porém tenho uma confissão a fazer, só quero apanhar o DART (Dublin Area Rapid Transit) e chegar a casa…
O dia foi intenso, muita coisa a absorver, muita gente nas ruas neste domingo de “Verão” (18 graus).
Uma última vista de olhos pelo interior da estação e seus murais… Um sorriso que parte com um comboio verde que está de saída para outras paragens...


Os ouvidos atentos à lengalenga que sai dos altifalantes… Parto em silêncio na companhia do mar…

English Version
Bray... the Irish Hollywood…
I’ve been told many times: “Go to Bray, you’ll love it”...
My “obedience” tends to waver quite a bit, but never when it comes to a good challenge or the chance to discover something new. In those cases, I’m always ready…
I started researching what this coastal town south of Dublin, already in County Wicklow, could have that made everyone tell me to go there. I found out that, actually, Bray is not exactly a village lost on the map — it's one of the largest towns in the county and almost acts as a suburb of the capital, since many of its residents work in Dublin. And then, well, one search leads to another, and so on, until you discover that there’s more to this seaside destination than just its convenient proximity
to the big city. Even James Joyce lived here as a child (between 1887 and 1891)! This was enough reason for me to want to take a look at the town where a literary genius once played in the streets…
Bray has a curious balance between urban hustle and natural refuge. With the sea on one side and the Wicklow hills on the other, the town blends Victorian charm with a laid-back spirit.




Bray's seafront promenade, stretching for about 1.6 km, was originally developed in the 19th century and still carries a nostalgic feel with its colourful houses and pubs overlooking the sea. Between the houses and the sea, there’s a park featuring an impressive bandstand, small colourful kiosks, a playground, and outdoor exercise equipment.


One of the area’s main attractions is "Bray Head," a hill with a panoramic viewpoint at the top, where you can admire the Dublin coastline and, on clear days, stretch your views all the way to County Wexford. There are also paths connecting Bray to Greystones via the "Cliff Walk," a stunning route along the cliffs — unfortunately for me, this is temporarily closed due to landslides and rockfalls that have made parts of the path unstable and dangerous. I climbed as far as it was allowed, and it was enough to get an idea... I later found out there were alternative routes, but it was too late... I was already on my way to other destinations. It’ll have to wait for next time.




Bray has a small harbour, located at the mouth of the Dargle River, in the area of Little Bray.



In the past, it was very busy, but today it is only used by small boats and for recreational activities. Well, it may not have the boats it once did, but it does have a sanctuary for swans…


Of extreme delicacy and elegance, floating on the water or resting on the sand, it was a unique experience... Immediately, Tchaikovsky's Swan Lake came to mind, and I found myself humming, almost unable to resist gesturing like a Prima Ballerina.

Despite this beautiful setting, it’s time to move on… And since I’m talking about 'settings,' I’m heading to Ardmore Studios — the oldest film studios in Ireland, founded in 1958.

Well, in case you didn't know, these studios have served as the backdrop for prominent films and series. Let me just highlight a few: Ulysses (1967) — an adaptation of James Joyce's novel, which caused quite a stir at the time — Excalibur (1981), My Left Foot (1989), which won two Oscars: Best Actor (Daniel Day-Lewis) and Best Supporting Actress (Brenda Fricker), and Braveheart (1995), which won five Oscars, including Best Picture and Best Director for Mel Gibson. All of these had scenes filmed here, even though they were productions of different studios, including Paramount.
As for TV series, The Tudors (2007–2010), Camelot (2011), and even the Irish version of Dancing with the Stars, which has been produced at these studios since 2017, have all made their mark here.
They were right to tell me to come to Bray… And I’m grateful to those who did...
However, I have a confession to make — I just want to hop on the DART (Dublin Area Rapid Transit) and head home…
The day was intense — so much to take in, so many people on the streets this “summer” Sunday (18 degrees).
One last glance at the station’s interior and its murals… A smile that departs with a green train, bound for other places…


Ears tuned to the usual litany coming from the loudspeakers… I depart in silence, accompanied by the sea…

Adoro Bray !
Adoro Bray !
Lindo! Um país sempre a surpreender...